A MESA COMUM
Vivemos um tempo inquietante atravessado por conflitos de várias ordem, perturbados pelo advento de novos processos tecnológicos que ameaçam o nosso viver democrático. Nunca na História da sociedade humana houve tantas movimentações humanas fruto de condições adversas relacionadas com os conflitos armados, com perseguições políticas e como resultado das crises económicas. Os países economicamente desenvolvidos, perante a crise demográfica aceleraram a receção de migrantes, mão de obra disponível e barata. Portugal, nos últimos anos conhece a chegada de muitos migrantes (em 2022 cerca de 121 000) sobretudo vindos do Brasil, dos PALOP, da América Latina, da Ucrânia e, ultimamente, do Paquistão, Bengladesh e Índia (segundo a OCDE 1 em cada 10 residentes em Portugal é migrante).
Os estranhos são só os vizinhos que não conhecemos!
A figura do estrangeiro está associada à do forasteiro, ao estranho, ao potencialmente adverso, terreno fértil para a construção de estereótipos e são estas ideias preconcebidas que nos dividem e conduzem à xenofobia e ao racismo.
Partindo desta realidade social que vivemos no nosso país e nos anos recentes no Porto propormos o projeto: MESA COMUM | o Mundo em Campanhã. Pretendemos aproximar os fregueses de Campanhã dos migrantes, afinal, os vizinhos que desconhecemos, através da gastronomia por considerarmos que é a necessidade biológica diária de comer e a elaboração diferenciada dos alimentos um dos elementos de ligação mais imediato.
Na nossa proposta, o tema da alimentação/gastronomia é abordado convocando múltiplas dimensões para resistirmos à atração pelo exótico de culturas diferentes da nossa porque não aproxima antes reforça os estereótipos.
Neste programa, reconhecemo-nos no cruzamento da História (gastronomia portuguesa como fusão de várias influências), da Ecologia (promoção de práticas sustentáveis), da Geografia Humana (conhecimento do território físico e social de Campanhã), da intervenção com vista à coesão social (fortalecimento das relações de vizinhança, estímulo à participação cidadã, reforço das relações colaborativas e do contacto e diálogo entre diferentes gerações). Temos a ambição de proporcionar espaços de diálogo entre as diferentes comunidades que por natureza se fecham nos seus núcleos de proximidade como meio de autodefesa. Para além da gastronomia – afirmação da identidade de uma cultura – as expressões artísticas e criativas são um elemento de ligação e nesse sentido consideramos possível a Identificação de artistas migrantes de várias áreas promovendo o diálogo entre eles e promovendo as suas práticas.
THE COMMON TABLE
We are living in unsettling times crossed by conflicts of several kinds, disrupted by the new technological processes that threaten our democratic way of life. Never in the History of human society have there been so many human movements as a result of adverse conditions related to armed conflicts, political persecution and economic crises. In the face of the demographic crisis, economically developed countries have stepped up their influx of migrants, who are an available and cheap labor force. In recent years, Portugal has seen many migrants arrive (around 121,000 in 2022), mainly from Brazil, the PALOP countries, Latin America, Ukraine and, lately, Pakistan, Bengladesh and India (according to the OECD, 1 in 10 residents in Portugal is a migrant).
Strangers are just the neighbors we don't know!
The idea of the foreigner is associated with the outsider, the stranger, the potentially adverse, fertile ground for the construction of stereotypes and it is these preconceived ideas that divide us and lead to xenophobia and racism.
Starting from this social reality that we live in our country and in recent years in Porto, we propose the following project: MESA COMUM | o Mundo em Campanhã. We want to bring the residents of Campanhã closer to the migrants, after all, the neighbors we don't know, through the food, because we believe that the daily biological need to eat and the differentiated preparation of the food is one of the most immediate elements of connection.
In our project, the theme of food/gastronomy is approached from multiple dimensions so that we avoid being attracted by the exoticism of cultures that are different from our own, because it doesn't bring us closer, but reinforces stereotypes.
In this program, we recognize ourselves at the intersection of History (Portuguese gastronomy as a fusion of various influences), Ecology (promotion of sustainable practices), Human Geography (knowledge of the physical and social territory of Campanhã), intervention with a view to social cohesion (strengthening neighborhood relations, encouraging citizen participation, strengthening collaborative relations and contact and dialogue between different generations). Our goal is to provide spaces for dialogue between the different communities which, by nature, lock themselves away in their neighborhoods as a means of self-defense. In addition to gastronomy - an expression of a culture's identity - artistic and creative expressions are a linking element, and in this context we consider it possible to identify migrant artists from various fields, encouraging dialog between them and promoting their practices.
